Alta cotação do bezerro segue desafiando mercado de recria e engorda

Na contramão da economia brasileira, os pecuaristas que se dedicam a cria comemoram diariamente o cenário positivo que se firma com a valorização dos bezerros. Em Mato Grosso do Sul, recordes consecutivos de comercialização são batidos e chegam a atingir R$ 2,8 mil no animal de 8 a 10 meses de idade. Essa valorização tem colocado em cheque a rentabilidade dos ciclos de recria e engorda e desafiado o pecuarista brasileiro.

O valor alcançado pelos bezerros da Fazenda 3R, em Figueirão (MS), representam um ágio de 100% em relação ao valor de mercado anunciado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). “A cria passou de patinho feio para o ciclo produtivo mais rentável da pecuária nos últimos anos”, afirma o pecuarista Rubens Catenacci, que desenvolveu um manejo próprio para estimular as cotações dos seus bezerros, em relação aos praticados no mercado, e com isso tem superado valores nacionais.

Por outro lado, o valor da arroba do boi gordo, que bate à porta da indústria frigorífica e coloca os executivos em cautela, apesar de mais valorizado do que nunca, não é só motivo de comemoração para o produtor rural, mas também preocupação para quem opta pela engorda, já que quanto maior tempo o gado permanecer na propriedade até atingir o peso de abate, maiores serão os custos com o animal. “É sem dúvida um desafio para o mercado, principalmente para o pecuarista, que está colocando na ponta do lápis seus resultados e decidindo pelos ciclos mais rentáveis para a propriedade”, enfatiza o gerente da Fazenda 3R, Rogério Rosalin.

A solução para Catenacci está no investimento no animal precoce. O criador reúne genética, nutrição e manejo próprio, aumenta seus invesimentos que chegam a atingir 50% do valor do bezerro, mas dimensiona também o faturamento com a cria.

Para se manter acima das cotações e oferecer ao mercado carne de maior qualidade em sua propriedade, Catenacci desafiou o rebanho e desenvolveu o Creep Confinatto 3R, técnica semelhante ao creep feeding, em que se disponibiliza uma suplementação alimentar aos bezerros. Na adaptação do criador foi necessário o desenvolvimento de uma ração específica, com nutrientes capazes de desenvolver significativamente o rúmen dos animais, o que contribui para a velocidade no ganho de peso.

No sistema desenvolvido pelo produtor rural os bezerros são apartados das matrizes e ficam fechados por três horas se alimentando da ração, enquanto que as matrizes voltam para o pasto e se alimentam do capim. Em seguida todo os animais são encaminhados para um novo piquete, onde os bezerros vão amamentar e se alimentar de um novo capim por três dias, até retornarem o contato com a ração.

“Tecnologia não está necessariamente atrelada à queda de custos, mas a técnicas que aumentam a lucratividade de forma efetiva. Acreditamos que a ciência está ai para agregar e a utilizamos para um bem coletivo, atendendo um mercado exigente com produção de qualidade, não pensamos apenas na receita, apesar de estar bastante satisfatória”, pontua Catenacci.

Como comercializar

Entre as opções mais vantajosas para comercialização de de bezerros, segundo Catenacci, que trabalha sob a meta de disponibilizar ao mercado 3 mil animais para reposição por ano, está o formato de leilão. “Leilão tornou-se uma indústria sem dimensão que atinge produtores rurais em diferentes regiões por meio da TV e internet. Além de apresentarmos maior volume de animais de uma única vez, democratizamos a genética e os compradores competem nos preços, o que pode somar muito ao valor final”, destaca.

A meta da Fazenda 3R neste ano já foi superada em mil animais e no dia 20 de junho, juntamente com outros criadores outros três 3 bezerros serão comercializados em Figueirão. Os lotes destaques que têm atingido valores bastante significativos são comportos por bezerros nelores pintados, que chama a atenção pelo potencial e beleza racial que agregam ao plantel.