Caro e demorado, ônibus perde usuários que conseguem comprar moto em Campo Grande

Arte Midiamax

A falta de qualidade e o alto custo do transporte coletivo urbano em Campo Grande torna o serviço responsável por boa parte dos problemas no trânsito da Capital e até pela lotação no setor de traumas da Santa Casa. Com a tarifa a R$ 2,70, fica mais barato para a maioria dos trabalhadores comprar moto do que andar de ônibus.

Em alguns casos, até andar de carro é mais econômico para o trabalhador do que depender das empresas de ônibus campo-grandenses. Com mais motociclistas e carros nas ruas, perde o trânsito, a qualidade do ar e a qualidade de vida. Mas, os prejuízos não param por aí. Até os serviços de saúde superlotam com os acidentes mais frequentes.

Mesmo com a situação, que contraria as intenções básicas da concessão pública do transporte coletivo, os empresários pressionam e os políticos parecem ceder a mais um aumento no preço cobrado pelo serviço que deveria ser explorado com objetivo principal de desafogar o trânsito, transportar a população com qualidade e diminuir a emissão de gases poluentes dos veículos.

De acordo com o arquiteto e urbanista Ângelo Arruda, nos últimos 7 anos houve queda no número de usuários do transporte público de Campo Grande. “Como a renda das pessoas aumentou, muita gente compra carro ou moto, deixando de andar de ônibus. Isso é ruim para o transporte público, pois a tendência é que a passagem só aumente, sem falar dos congestionamentos”, conclui.

Transporte público é mais caro

Com a expectativa do aumento da passagem de ônibus de R$ 2,70 para R$ 3,00, o Jornal Midiamax foi às ruas de Campo Grande e constatou que sai mais barato andar de moto do que usar o transporte público. Por isso, muitos usuários questionam a qualidade do serviço, bem como estão migrando para outras formas de transporte.

Em uma Honda Biz, por exemplo, que percorre uma média de 40 quilômetros com um litro de gasolina, o usuário consegue completar 160 quilômetros usando apenas um tanque cheio de combustível,4 litros.

A vendedora Mailma Moslaves, de 49 anos, diz que usava o transporte público, mas comprou uma moto, pois se cansou de chegar todos os dias tarde em casa. “Uma vez eu cheguei em casa quase 1 hora da manhã porque os ônibus estavam lotados. Lá onde trabalho todos os vendedores têm moto, quase ninguém mais usa ônibus. Eu considero o transporte público péssimo”, esbraveja.

A também vendedora Evelin Carolona Silva Correa, de 24 anos, também comprou uma moto. “Eu gastava R$ 32 por semana para ir ao trabalho e voltar todos os dias. Hoje gasto só R$ 17”, explica. Ela mora na Vila Pioneira e trabalha no Centro de Campo Grande.

O autônomo Gilson Moreira, de 47 anos, tem uma moto com 125 cilindradas. Segundo ele, por morar perto do serviço, gasta apenas R$ 36 no mês inteiro. “Isso é ruim para o trânsito emgeral, pois, assim, só aumentam os engarrafamentos. Acho que o transporte público é regular em nossa cidade”, comenta.

A empregada doméstica Adriana Gonzales, de 38 anos, utiliza quatro ônibus por dia para trabalhar. “Como moro no Jardim Montevidéu e trabalho no Bairro Novos Estados, gasto dois passes para ir trabalhar e dois para voltar. Isso dá uns R$ 150,00 por mês. Quero muito comprar minha moto. Não posso deixar de falar que a internet (wi-fi) dentro dos ônibus nunca funcionou”, acentua.

 

O presidente da Assetur (Associação das Empresas de Transporte Público Coletivo de Campo Grande), João Rezende, desconversa sobre os questionamentos gerais de falta de qualidade. “No caso do Wi-Fi, só pode ser um caso específico de apenas um ônibus, pois nossa recomendação é a de que todos os carros tenham esse serviço funcionando”, diz, referindo-se a apenas uma das reclamações.

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