Ciclo de palestras de workshop debate pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de biomassa

Daniel Pedra

Reunindo pesquisadores, empresários e comunidade acadêmica, o 1º Workshop Internacional de Inovação em Biomassa, que começou nesta quarta-feira (14/03) e termina nesta quinta-feira (15/03), no ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), em Três Lagoas (MS), debateu, no primeiro dia, palestras com temas relacionados com desenvolvimento tecnológico da inovação, tendo como matéria-prima a biomassa.

Ao abrir o evento, o diretor-regional do Senai, Jesner Escandolhero, destacou o objetivo de promover um lançamento técnico do ISI Biomassa. “Temos aqui players nacionais e internacionais e academia para discutirmos temas inerentes à biomassa, assuntos intrínsecos à inovação, ou seja, pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos tendo como matéria prima a biomassa”, afirmou.

Abrindo o ciclo de palestras, o professor convidado do MIT, Arne Hessenbruch, explicou como funcionam os projetos de inovação dentro do instituto. “Estamos envolvidos com startups. A perspectiva principal do nosso ponto de vista é que o processo de inovação não pode ser um processo linear, começando com a pesquisa pura, depois aplicada, ficando mais técnica. Assim, corremos o risco de ficar cerca de 20 anos numa pesquisa e só depois percebermos que ela não funciona na prática”, disse.

Com a palestra “Avanços recentes na indústria do biodiesel”, o professor-doutor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Donato Aranda, comentou que o biodiesel foi o único combustível que teve um aumento no seu consumo em 2017. “Com a crise, todos os outros recuaram e esse ano, com o aumento do teor do biodiesel no diesel para 10%, vai haver um crescimento maior, de cerca de 25%. O Centro-Oeste é a região que mais produz biodiesel no Brasil e é um combustível que se tornou competitivo graças aos avanços tecnológicos”, afirmou.

O professor-doutor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Eduardo Falabella, falou sobre os processos de transformação de biomassa que visam a usar resíduos na biomassa e rotas para pequenas produções com agregação de valor e co-processamento. “A indústria do petróleo foi a mesma, mas vem se reinventando, buscando a biomassa, gás natural e carvão. O refinador deve buscar por alternativas inteligentes para alcançar esses requerimentos. A biomassa se tornou hoje, no refino do futuro, uma necessidade. Nós precisamos introduzir rotas alternativas como combustíveis sintéticos para fazer frente à demanda do mercado por combustíveis cada vez mais limpos”, ressaltou.

A palestra “Alguns aspectos para aumentar a produção e uso de bioenergia/biocombustíveis”, do professor-doutor da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), Ricardo Ramos, abordou dados reais de empresas que utilizaram a queima da palha como combustível para caldeiras de alta pressão para bagaço da cana-de-açúcar. “Esses dados apresentam os investimentos e as perdas e ganhos das empresas. Foi possível um aumento de geração de energia excedente com a possibilidade de ser comercializada”, apresentou.

O professor-doutor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Cláudio Donicci, esclareceu sobre a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Midas, uma rede nacional de pesquisadores de Norte a Sul do país, criada para desenvolver tecnologia aplicada a partir de pesquisas acadêmicas das universidades. “Nossas metas são pesquisa aplicada em negócios. Temos 31 grupos de pesquisa na área de biodiesel, novos materiais, biomassa e área ambiental. Estamos buscando desenvolver novas tecnologias para o aproveitamento de rejeitos de mineração, de rejeitos de biomassa. Mas a proposta é que a pesquisa chegue até o mercado da indústria”, explicou.

Para encerrar o primeiro dia do workshop, o consultor Georg Weinberg falou como agregar valor à indústria de biocombustíveis, por meio da química, usando como referência o uso do carvão e o ciclo do petróleo, analisando como os dois ciclos aconteceram e como a indústria química agregou valor por meio dos dois ciclos. “A indústria química desenvolveu uma quantidade brutal de commodities de substâncias químicas que tinham uma demanda muito grande, que geraram muita riqueza. Um exemplo simples eram as meias de seda, que eram caras. Até que surgiu o náilon e todas as mulheres passaram a usar meias de náilon, que se tornou um produto com uma demanda brutal e geração de riqueza fantástica. Dá para fazer a mesma coisa com a era da biomassa?”, questionou ao final.

Confira abaixo a programação:

Quinta-feira (15/03)

07h30 – Visita guiada

09h – Professor Florent Allais, Ph.D. – Industrial Agro-Biotechnologies (ABI) France – “Estratégias de valorização da Biomassa na Chaire A.B.I.: combinando biotecnologia branca, química verde e engenharia de processamento”

09h30 – Professor-doutor Nei Pereira Júnior – UFRJ – “Conversão de biomassa lignocelulósica: a plataforma bioquímica da biorefinaria”

10h – Thiago Falda Leite – Diretor Técnico ABBI – “A Indústria da Biotecnologia como um vetor para a 4ª Revolução Industrial”

10h30 – Marcelo Prim – Gerente Executivo Senai e Carlos Eduardo Pereira – Diretor de Operações Embrapii – “Fomento de Projetos de Inovação: Parceria Embrapii e Senai”

11h15 – Jesner Escandolhero – Diretor Senai/MS – Encerramento do evento com o oferecimento de brunch aos convidados

Serviço – Mais informações pelo hotsite http://cursos.senai.ms/workshopbiomass

 

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