Comerciantes denunciam 'invasão' de usuários de drogas e furtos na avenida das Bandeiras

 

Com a sensação de que estão mais protegidos pelos ‘chefões do tráfico’ do que pela polícia de Campo Grande, comerciantes da Vila Nhá Nhá e região pedem socorro. São dezenas de usuários de drogas que saem às ruas no início da noite, observando possíveis vítimas e lojas a serem arrombadas, com o prejuízo descoberto pelos donos apenas ao amanhecer do dia.

 

Dos inúmeros locais furtados na avenida das Bandeiras, a reportagem do Midiamax visitou cinco. E cada empresário, que está no local há duas décadas ou que vai completar o segundo aluguel, por exemplo, sabia ao certo apontar os vizinhos que já foram vítimas de assaltos e que estão indignados com a ‘invasão’ dos usuários de drogas.

 

”Hoje o alarme disparou e encontramos tudo revirado no chão. Em dois meses de loja, é o segundo furto, com prejuízo enorme. E quando fazemos o boletim de ocorrência, a polícia diz que não tem muito o que fazer aqui na região. Para você ter uma idéia, nem o casaco que um dos bandidos deixou aqui eles quiseram levar”, afirma indignado o empresário Cleber de Oliveira Moreira, 35 anos.

 

Ao seu lado, está o dono de uma loja de informática, também assaltado na madrugada de ontem. O prejuízo é de R$ 4 mil em monitores, teclados, CPU´s, nobreak, telefones e até a máquina para passar cartões de crédito e débito foi levada.

 

“Fiz um orçamento e o jeito agora será dividir a instalação da cerca elétrica e das câmeras com os vizinhos. Só que nem assim sei se dá jeito, principalmente porque moro na região e não vejo rondas por aqui, além da falta de um posto policial na avenida das Bandeiras”, afirma o comerciante Cleiton Nantes, 32 anos.

 

Dono de farmácia começou a investigar os crimes e chegou até o nome de um suspeito

 

Uma quadra após, na mesma avenida, está o dono de uma farmácia, D.E. da S., 45 anos, que garante consertar constantemente o telhado e o vidro de sua porta, após assaltos. “No dia dois do mês passado foi o mais recente por aqui. Só em perfumaria foi levado cerca de R$ 1,5 mil e fiquei tão chateado que sozinho comecei a investigar o crime. Cheguei até o nome de um usuário, mas eles não fizeram nada e ainda estavam com mais quatro presos no camburão por furto”, fala indignado o empresário.

 

Trabalhando há quatro anos na região que considera a mais crítica da cidade, o dono da farmácia diz que as ações voltaram a acontecer exatamente seis meses depois da instalação de uma base da Polícia Militar no bairro. “Enquanto eles estiveram por aqui foi uma maravilha, mas agora percebo a todo o momento um ‘nóinha’ passando por aqui e nos observando”, lamenta o empresário.

 

No carnaval, enquanto muitos festejavam, a borracharia do senhor Urbano Marques de Castro, 46 anos, estava sendo assaltada pela terceira vez. A vítima alega que eles levaram pneus e rodas, tanto dele como de clientes, que inclusive ele ainda tem de ressarcir um comprador de Bonito.

 

Comerciante garante que visitou ‘bocas de fumo’ para pedir respeito

 

“Mesmo com medo, desci algumas quadras e fui pessoalmente falar com vários usuários de drogas. Disse a eles para respeitarem os trabalhadores da região e mesmo assim não adiantou nada”, comenta Castro ao Midiamax.

 

Bem próximo a ele está a vendedora Rose Machado, 53 anos. Há mais de vinte anos no local, ela que mora perto de sua loja diz que sai de madrugada de uma a quatro vezes para monitorar o seu comércio, com medo de acordar e ter uma ‘péssima surpresa’.

 

“Da primeira vez eles levaram todo o meu mostruário e produtos da Natura, além de relógios e objetos de valor. Na hora de ir embora, saio com uma sacola enorme e levo tudo comigo. E tenho aqui alarme, cerca elétrica, monitoramente, nem sei mais o que fazer”, comenta a empresária Machado.

 

Polícia Militar garante que trabalho de rondas continua, mesmo sem a base móvel de pacificação na Vila Nhá Nhá

 

Questionada sobre a base móvel da PM na Vila Nhá Nhá, instalada em agosto de 2011, a assessoria de comunicação do órgão disse que ela não está mais lá, já que o posto fixo está designado para um pelotão há duas quadras do bairro, porém o trabalho dos militares é o mesmo.

 

“Na ocasião não tínhamos um pelotão fixo, mas todo o trabalho agora foi designado para o pelotão do Jóckey Club. Além disso, mantemos rondas e reuniões constantes com liderança comunitárias e o comandante da região. O interessante são as pessoas também repassarem informações aos conselhos, para a polícia atuar de maneira mais constante”, finaliza a Major Sandra Regina Alt.

 

Polícia Civil também deflagrou operação na região para combater crimes na região

 

Há uma semana, oito equipes de policiais da 4ª, 5ª e 6ª delegacia de Campo Grande também estiveram no bairro, ocasião em que foi deflagrada a operação “Boca Fechada”. Foram expedidos quatro mandados de prisão e 10 de busca e apreensão.

 

Com início às 6h, os policiais prenderam três pessoas, além de drogas, equipamentos eletrônicos, como notebook, monitor de computador e uma grande quantia de dinheiro.

Graziela Rezende

Comércios em que reportagem esteve ainda estão com o teto danificado, por conta da ação dos ladrões

 

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