Crescimento: o que é normal?

Crescimento: em busca do tamanho perfeito (Foto: Getty Images)
Antes de sair por aí comparando as medidas do seu filho às de outras crianças da mesma idade, entenda quais fatores devem ser levados em conta para se certificar de que ele está crescendo bem
A curiosidade em relação ao tamanho dos filhos acompanha os pais desde os primeiros ultrassons. Saber quantos gramas o bebê ganhou e quantos centímetros cresceu nos dá a tranquilidade de que ele está se desenvolvendo bem dentro da barriga. No mundo aqui fora, a saga continua. Pode reparar: não importa quantos anos passem, o peso e a altura ao nascer estão sempre na ponta da nossa língua. Todo centímetro a mais é comemorado como a maior das vitórias. Aguardamos a consulta com o pediatra ansiosos para ver se a criança está crescendo e engordando como deveria – os mais apressados medem a altura em casa e até dão uma passadinha rápida na farmácia, onde se pesam com e sem o bebê no colo para conferir se a criança engordou.

Em geral, o receio é que ela fique pequena demais, que seja para sempre amais baixa da turma. Há uma pressão para que alcancem certo padrão, e as crianças reproduzem essa preocupação. De acordo comum estudo britânico, publicado no periódico científicoArquivos de Doenças na Infância, em tradução livre, 97 em cada 100 indivíduos manifestam, ainda na infância, o desejo de ser mais altos. Antes de tudo, saiba que há uma variação grande de altura entre as crianças, e que seu filho pode ser baixo sem que, necessariamente, haja um problema de saúde por trás disso. E o que você mais quer é vê-lo crescer saudável, não é?

São vários os fatores que devem ser considerados para avaliar o crescimento. A genética certamente é o principal deles. Em outras palavras, tamanho não é documento, mas diz muito sobre a família em que nascemos. Pode acontecer de pais baixos terem filhos mais altos, porém esses casos são exceção. Outro aspecto importante é a gravidez. Qualquer problema na mãe, cardíaco ou vascular, por exemplo, pode impedir a placenta de transferir os nutrientes adequadamente ao feto. Aí o crescimento é prejudicado não só na fase intrauterina, mas também depois que a criança nasce. Se ela chega ao mundo grande ou pequena demais, isso se reflete no crescimento, especialmente nos primeiros anos de vida. Na verdade, não é o tamanho em si que preocupa, mas a condição de saúde à qual ele está associado, como diabetes gestacional e prematuridade.
Mas, afinal, como saber se o peso ou a estatura são realmente motivos de atenção? Bem, eles devem aumentar de maneira proporcional. Isso quer dizer que, nas curvas de crescimento (já falaremos mais sobre elas!), as linhas correspondentes a cada um devem subir no mesmo ritmo. Ninguém melhor que o pediatra, que acompanha todo o histórico da criança, para interpretar o que dizem as tais curvas. Por isso, é fundamental manter a rotina de visitas ao médico. Não vale seguir o protocolo à risca durante os primeiros anos e depois só voltar quando seu filho estiver doente.

Sinais de alerta
O crescimento é um mecanismo complexo, que envolve a multiplicação de células em vários tecidos, em ritmos diferentes. Funciona mais ou menos como uma orquestra, em que um único instrumento desafinado pode atrapalhar a harmonia da música. Qualquer doença interfere, até uma gripe mais forte, daquelas que fazem perder o apetite – isso explica por que não se pode olhar um ponto na curva isoladamente para verificar se está tudo bem. Talvez ela deixe de subir enquanto o organismo concentra suas energias se recuperando, mas, depois, tudo volta ao normal.

Os problemas crônicos, no entanto, merecem cuidado especial. Asma, alergias, disfunções renais e cardíacas… Tanto as doenças como os medicamentos usados para tratá-las podem alterar as medidas da fita métrica e da balança. Uma criança comartrite reumatoide, por exemplo, possui marcadores inflamatórios no sangue que atrapalham o crescimento e, além disso, terá que tomar corticoides por períodos prolongados, o que também vai influenciar seu desenvolvimento. Mas, com a orientação de um especialista, é possível fazer as escolhas apropriadas em cada caso para que a saúde não seja comprometida.

Em casa, note se, no decorrer de um ano, a criança não perdeu roupas nem sapatos. Se todos continuaram servindo perfeitamente, comente como pediatra. Diante de qualquer alteração, o primeiro passo será identificar e tratar eventuais doenças, incluindo as endocrinológicas. Quando a criança é muito baixa, o médico vai investigar se ela está se alimentando bem e absorvendo corretamente os nutrientes. Ele também poderá analisar se o seu filho tem déficit do hormônio de crescimento, o GH, por meio de exames de sangue. Além de alterar a estatura, essa substância é responsável pelo equilíbrio das taxas de açúcar no sangue e pelo aumento da massa óssea. Já no caso de sobrepeso ou obesidade, a alimentação e a rotina de atividades físicas é que devem ser avaliadas. Distúrbios com impacto negativo na alimentação, como intolerância ao glúten ou à proteína do leite, também podem atrapalhar o crescimento caso não sejam diagnosticadas precocemente.

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