Escola Capilé cria regras para o bom uso do celular

Normas foram criadas a partir de propostas dos alunos e professores comemoram os avanços já conquistados

O uso de celulares em sala de aula é um dos grandes problemas na maioria das escolas. Bani-los não tem como, até porque especialistas da área da educação o apontam como uma modalidade de ensino-aprendizagem que aproveita, de forma mais intensa e integrada, o ensino tanto dentro quanto fora da sala de aula. Mas é preciso criar regras para que os eletrônicos não dispersem a atenção dos estudantes. Pensando numa proposta democrática, a escola estadual Antônia da Silveira Capilé, no Jardim Água Boa, criou uma espécie de manual com as regras para o bom uso de celulares.

 

A iniciativa partiu da própria direção da escola, após ouvir queixa dos professores que o uso indevido do celular durante as explicações de conteúdos, estava atrapalhado o bom andamento do processo ensino-aprendizagem. Para resolver esse impasse, a escola propôs a criação de regras, com sugestões vindas dos próprios estudantes. A partir daí foi coletado as principais ideias e elaborado normas básicas que estabelecem o bom uso dos eletrônicos.

Gabriel, Nívia e Maíta entendem as regras e usam o celular de forma consciente na escola  Fotos: Flávio Verão

Gabriel, Nívia e Maíta entendem as regras e usam o celular de forma consciente na escola
Fotos: Flávio Verão

A diretora adjunta Marisa Pereira do Santos diz que embora as regras tenham sido colocadas em prática há quase um mês, os alunos estão colaborando. “Nossa proposta não é a de proibir o uso dos aparelhos, mas sim a de conscientizar os alunos sobre os efeitos negativos e positivos do uso do celular e suas tecnologias”, explica. Em razão dos aparelhos portarem câmeras de tirar foto e filmagem, a escola também trabalha no sentido de conscientizar os alunos sobre as consequências das atitudes de fotografar colegas ou professores e colocar imagens em redes sociais.

 

Além das regras, a escola Capilé ainda criou o “Dia E” (educativo, empenho e esforço) sem o celular. O desafio foi lançado ontem, onde se esperava que professores e estudantes fossem à escola sem o aparelho eletrônico. “Uma boa parcela aderiu à proposta, mas sempre há aqueles que não conseguem ficar longe do aparelho, o que normal para a nossa sociedade”, diz a diretora Marisa.

 

A estudante Nívia Amanda, do 1º ano médio, não conseguiu ir à escola sem o celular, mas ela diz que entende as regras, que na hora de estudar o aparelho deve estar guardado. “Hoje em dia o celular faz parte da vida das pessoas, mas é preciso saber utilizá-lo”, comenta Nívia. Entre os benefícios, ela aponta: “Utilizamos como calculadora, tradutor de língua estrangeira e para pesquisas quando o professor passa algum trabalho”.

Diretora adjunta Marisa diz que a proposta não é a de proibir o uso dos aparelhos, mas sim a de conscientizar os alunos sobre os efeitos negativos e positivos do uso do celular e suas tecnologias

Diretora adjunta Marisa diz que a proposta não é a de proibir o uso dos aparelhos, mas sim a de conscientizar os alunos sobre os efeitos negativos e positivos do uso do celular e suas tecnologias

 

A colega de Nívia, Maíta de Souza, também não conseguiu ficar longe do aparelho no Dia E, mas também diz que não usa o celular durante a explicação dos professores. “É uma questão de consciência, de uso na hora correta”, afirma, acrescentando ter gostado da escola ter instituído normas, para disciplinar o bom uso de eletrônicos.

 

Regras

Embora o uso de equipamentos eletrônicos ainda seja visto com certa desconfiança por muitos educadores e gestores, na escola Capilé os professores têm integrado o uso dos aparelhos para facilitar o processo de ensino. Para não tratar os eletrônicos como “vilão” do aprendizado, ficou estabelecido regras básicas para o seu uso, entre elas, na sala de aula o celular deve ficar guardado, desligado ou no silencioso e, para atendê-lo, somente chamadas de importância, com a autorização da coordenação da escola. Também ficou estabelecido que o celular só pode ser utilizado em sala de aula para fins pedagógicos, com a autorização do professor. Nas redes sociais, assuntos pertinentes a sala de aula e escola só podem ser compartilhados com a orientação e autorização do professor.

 

Dentre as regras do que não podem ser feitos em sala de aula estão o uso do fone de ouvido, manuseamento do aparelho sem a permissão do professor, tirar fotos e postar em rede social sem autorização e utilizar as redes sociais para denegrir a imagem de colegas. Caso o aluno descumpra as regras, fica estabelecida advertência do professor, mas caso ele insista, o estudante é encaminhado à direção.

 
professor Rael da Silva comemora os avanços com o projeto:
professor Rael da Silva comemora os avanços com o projeto: “os alunos estão colaborando”, diz

Mudanças

Embora o projeto esteja em prática há pouco tempo, resultados já apareceram. O professor Rael da Silva comemora os avanços. “Antes, a cada sala de aula que eu entrava, era preciso avisar para não utilizar o celular durante a minha explicação. Agora já mudou e percebo que os estudantes estão se conscientizando sobre essa proposta do bom uso do aparelho”, conta o professor.

 

O estudante Gabriel Rodrigues, do 1º ano, também vive ligado no celular. Ele diz que não é muito adepto a redes sociais, de ficar trocando mensagens com colegas, porém, confessa ser viciado em ouvir música, por isso sempre carrega o fone de ouvido. “Gosto de ouvir música, mas entendo que temos regras e que em sala de aula não é permitido o uso de fone”, diz o estudante, que aproveita para curtir a sua música no horário de intervalo.

 

Como as regras foram criadas, os alunos da Capilé estão cientes que, a partir de agora, o uso dos aparelhos somente na hora certa e com responsabilidade. Para ampliar ainda mais essa ideia, a direção da escola irá agendar uma reunião com os pais dos estudantes e a promotoria do Ministério Público Estadual, para debater sobre leis que tratam sobre o assunto, bem como para pedir o apoio e a colaboração dos pais no sentido de orientar seus filhos a fazer o bom uso dos equipamentos eletrônicos.

 

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