Takimoto desafia sensibilidade do governo para acudir a saúde pública

Foto: Wagner Guimarães

Com a afirmação de que no Brasil sempre se fez política com a saúde e nunca uma política de saúde, o deputado estadual George Takimoto (PDT) insiste em levar adiante o propósito de convencer o governo federal a adotar medidas que, a seu ver, podem trazer bons resultados a curto, médio e longo prazos. Além de recuperar alguns projetos do primeiro mandato, o parlamentar faz novas sugestões e torce para que as autoridades do Planalto – sobretudo a presidenta Dilma Roussef e os ministros da Saúde e da área econômica – tenham a sensibilidade de avaliar as propostas e adotá-las, ao menos como indutores de soluções para o setor. O deputado federal Vander Loubet (PT-MS) é um dos principais aliados desta luta em Brasília.

A primeira proposta de Takimoto é uma ideia que defende desde 2012, a instituição da Loteria da Saúde. A ideia consiste na criação de um concurso de apostas, aos moldes dos que são administrados pela Caixa Econômica. A arrecadação da nova loteria seria destinada ao orçamento da saúde, reforçando os investimentos em áreas mais críticas, como a disponibilidade de leitos e de equipamentos e a ampliação das estruturas de assistência médica e hospitalar nos municípios.

TRANSFERÊNCIA – Outra sugestão de Takimoto – que é médico há 47 anos – depende de um projeto de lei facultando aos pacientes do SUS com melhor condição financeira que, quando encaminhados para internação, optem por ocupar instalações hospitalares como apartamentos ou quartos exclusivos, arcando com a diferença nos custos de acomodação e despesas médicas. “Isso beneficiaria a todos: os hospitais em estado precário teriam como investir em melhor assistência; os pacientes contariam com atendimento ágil e digno; e os médicos teriam um reforço incentivador na remuneração”, justifica o deputado. “Além disso, seria reduzida ao máximo a imensa fila das cirurgias eletivas, sendo que muitos pacientes com planos de saúde migrariam para o sistema público”, acrescenta.

CRÉDITOS ESPECIAIS – Takimoto propõe ainda que o governo federal, por Medida Provisória ou qualquer outro instrumento legal, abra uma linha especial de empréstimos – em torno dos R$ 200 bilhões -, com juros subsidiados e prazo de liquidez bastante elástico, de até 20 anos, para socorrer os hospitais endividados. Lembra que há alguns dias a presidenta Dilma patrocinou a chamada MP do Futebol, que abriu para os clubes esportivos profissionais uma linha especial de crédito com juros abaixo das faixas de mercado e prazo de pagamento em até 20 anos. Os clubes devem quase R$ 4 bilhões.

“O sistema público de saúde, os profissionais médicos e, acima de tudo, os pacientes, precisam de semelhante suporte emergencial, é muito mais importante porque é vida humana em jogo”, observa. Takimoto salienta que R$ 200 bilhões não chegam a 10% do Orçamento da União. “É um dinheiro prometido por Dilma quando aconteceu a rejeição da emenda 29”, sustenta. Para ele, dificilmente essas iniciativas deixarão de ser apoiadas pela sociedade, pela classe médica e o próprio governo.

“Nossa Constituição está praticamente rasgada no texto que elege a saúde como direito de todos e dever do Estado e que esse direito precisa ser digno”, assinala. “Os profissionais trabalham há mais de 20 anos sem reajuste. Essa pressão afeta o humor de quem atende e quem precisa ser atendido, criando uma espécie de antagonismo. Os hospitais não têm mais condição de receber um paciente sequer; cresce o número de óbitos por negligência, falta de agilidade ou carência de estrutura; o sistema no Brasil está abaixo do péssimo. É preciso fazer algo, e já, para resgatar a dignidade e recuperar esta página rasgada da Constituição”, conclui.

Edson Moraes