Trânsito matou mais de 1,9 mil motociclistas em 10 anos no MS

Em Mato Grosso do Sul, de 2002 a 2012 foram 1.970 mortes de motociclistas – Foto: Arquivo/Dourados News/Osvaldo Duarte

 

Thalyta Andrade, Diário MS

Em Mato Grosso do Sul, de 2002 a 2012 foram 1.970 mortes de motociclistas. Os dados do Ministério da Saúde e também da SES (Secretaria de Estado de Saúde) apontam para uma média de 179 vítimas fatais por ano dentre os condutores de motocicletas no Estado. Já o número de vítimas não fatais também é grande e especialistas ressaltam a gravidade dos ferimentos que, na maioria dos casos, deixam sequelas aos que conseguem sobreviver.

O vendedor Alex Junior Freitas Santos, 25, é um dos motociclistas vítimas do trânsito. Ele conta que, por sorte, conseguiu sobreviver a uma batida violenta envolvendo outra moto em novembro de 2007. “O outro motorista invadiu a minha preferencial e bateu muito forte. Eu estava de capacete, mas sem a fivela presa. Tive traumatismo craniano e fratura exposta no braço, fiquei 13 dias internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e nove dias no quarto do hospital”, relata Santos, que teve que fazer tratamento com um neurologista por quatro anos, e um ano e meio de fisioterapia diária. Ainda assim, ele convive com uma sequela. “Meu braço nunca voltou ao normal, os médicos dizem que tem uma inclinação de pelo menos 30 graus, e eu não consigo estica-lo direito”.

O médico ortopedista e traumatologista Claudio Humberto Targa Moreira diz que casos como o de Santos são parte de uma triste realidade na rotina dos hospitais. “Pelo menos 80% do nosso atendimento é de acidentados com moto, e com lesões cada vez mais graves. Hoje temos até certa dificuldade em atender essas vítimas, já que esbarramos em precariedade de materiais oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), e uma estrutura que não acompanhou o crescimento da demanda”, aponta o médico.

Ainda de acordo com Moreira, que atende há três anos no Hospital da Vida – que possui um alto número de atendimentos de vítimas do trânsito – é preciso haver mudanças urgentes na estrutura de atendimento atual. “A infraestrutura que existe hoje na cidade não acompanhou o crescimento da demanda de vítimas do trânsito em geral. Os acidentes estão cada vez maiores e mais graves, e os hospitais cada vez mais sem condições de atendimento, e com falta de leitos”, explica.

Para Santos, ficou a sequela e também uma reflexão sobre o comportamento de motoristas no trânsito. “A gente nunca acha que vai acontecer. Eu andava sem prender a fivela do capacete, e isso podia ter me matado. Nem ando mais de moto, minha família está com trauma. Mas acredito que o problema não é a moto em si, e sim a falta de consciência de quem pilota, como foi no motociclista que bateu em mim”.

Conforme dados de 2010 do Datasus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde), entre 2005 e 2010 houve aumento de 12% no volume de motociclistas mortos no trânsito do Estado. O número total passou de 25% para 37% neste período de cinco anos.

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