'Violência no Trânsito': Acidentados de Dourados custaram mais de R$ 3,6 mi em 2013

Segundo dados da administração do Hospital da Vida, 80% dos acidentados são motociclistas (Foto: Arquivo/ Osvaldo Duarte)

Thalyta Andrade

Dando continuidade no especial ‘Violência noTrânsito’, o Dourados News apurou o custo dos acidentados em Dourados e os valores chamam a atenção.

Entre janeiro e agosto, as vítimas podem ter custado, em torno de R$ 3,6 milhões. Para chegar ao valor, foram considerados os dados do setor de estatísticas do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), e também do seguro DPVAT (Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de via Terrestre).

Segundo o Detran, em oito meses foram 918 acidentes com vítimas não fatais, e 30 com vítimas fatais no município, somando 948. Neste montante, o número total de vítimas fatais e não fatais (conforme a discriminação de sexo) foi de 1.198. Foram 696 homens e 502 mulheres.

Considerando que o valor máximo pago pelo piso do DPVAT em casos de óbito ou invalidez é de R$ 13.500 (fixo para morte, e variável nos casos de invalidez), e o valor máximo para custeio do tratamento de pessoas acidentadas é de R$ 2,7 mil, o custo para este ano das vítimas de acidente seria de aproximadamente e, no mínimo, R$ 3.639.600.

Isto porque o total pago aos acidentados seria de R$ 3.234.600 e o custo gerado pelos óbitos chegaria a R$ 405 mil. O montante pode ser ainda mais volumoso, já que neste cálculo não foi considerado o valor pago pelo seguro DPVAT em casos de invalidez (que não tem número definido), e não estão inclusos os valores do atendimento prestado pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Essas informações foram solicitadas junto à Secretaria Municipal de Saúde, mas até a publicação desta reportagem não foram divulgados.

Tratamento imediato e posterior tem custo muito alto

Ainda de acordo com os dados do Detran, a faixa etária predominante entre vítimas fatais e não fatais é de 18 a 29 anos, e o maior número de acidentes envolvem motociclistas.

O Hospital da Vida, em Dourados, é referência no atendimento de média e alta complexidade em traumatologia, e recebe a demanda de acidentados da cidade, e também de outros municípios da região.

Segundo o assessor da diretoria administrativa do HV, Marte dos Reis, estimar um custo médio para o tratamento dos acidentados é bastante complicado. Isso porque o atendimento começa na urgência e pode se estender até mesmo por anos, na continuidade e acompanhamento do paciente.

“Às vezes o atendimento acaba na emergência, como por exemplo, um acidente que gerou uma luxação, algo simples. E em outras situações, dependendo do paciente [idade e tipo de trauma] podemos ter uma internação de mais de dois meses, e depois um retorno para acompanhamento, além do paciente ficar encostado pelo SUS [Sistema Único de Saúde] sem trabalhar, então não dá pra quantificar”, explicou Reis.

Apesar de apontar que não é possível estimar um custo médio do paciente acidentado do trânsito ao SUS, o assessor administrativo diz que, no entanto, é possível dizer que independente dos valores individuais o custo é realmente muito alto.

“O paciente que é vítima de acidente de trânsito sofre, na maioria dos casos, trauma ortopédico, neurológico, abdominal, vascular, de dentes (bucomaxilo), e às vezes requer intervenções cirúrgicas. No geral, podemos dizer que realmente é um custo altíssimo”.

Reis, que também é enfermeiro, ainda aponta um detalhe que tem chamado a atenção nos últimos anos: a gravidade dos acidentes e, consequentemente, dos traumas sofridos pelas vítimas.

“Temos um volume de internações de pelo menos 500 pacientes por mês, e comparando com o ano passado esta demanda não aumentou. O que aumentou foi a gravidade dos traumas. Esta é uma observação que parte até das equipes médicas. As pessoas estão sofrendo traumas muito mais graves, principalmente em acidentes de moto, e temos um maior volume de óbitos por consequência disso”.

Os dados do setor administrativo da unidade hospitalar apontam um aumento no volume de vítimas de acidentes de trânsito. De janeiro a agosto de 2012 foram 1.996 entradas no hospital, enquanto em 2013 o número subiu para 2.486. Deste montante, 80% são vítimas de acidente de moto.

Qualquer vítima de acidente tem direito a receber o DPVAT

Segundo dados repassados ao Dourados News pela Seguradora Líder (atual responsável pela administração do seguro) o valor total de seguro DPVAT pago no primeiro semestre de 2012 foi de R$ 1.031.968.844, e no mesmo período deste ano foi de R$ 1.280.467.175, um aumento de 24,08%.

O seguro existe desde 1974, e indeniza todas as vítimas de acidentes de trânsito (motorista, passageiro ou pedestre) sem que seja necessária a comprovação de culpa. A cobertura acontece em três pontos: morte, invalidez permanente ou reembolso de despesas médicas e hospitalares.

Os recursos do Seguro DPVAT são financiados pelos proprietários de veículos, por meio de pagamento anual. Do total arrecadado, 45% são repassados ao Ministério da Saúde (SUS), para custeio do atendimento médico-hospitalar às vítimas de acidentes de trânsito em todo país e 5% são repassados ao Ministério das Cidades, para aplicação exclusiva em programas destinados à educação e prevenção de acidentes de trânsito. Os demais 50% são voltados para o pagamento das indenizações.

O procedimento de entrada para receber o seguro é gratuito, e pode ser feito em até três anos após o acidente pela própria vítima, sem a necessidade de um agente intermediário.

O pagamento da indenização é feito em conta corrente ou poupança da vítima ou de seus beneficiários, em até 30 dias após a apresentação da documentação necessária. Mais informações pelo telefone 0800 022 12 04 ou clicando aqui

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