Felipe Maia
Inflação é a palavra de ordem no cenário econômico mundial. Com o aumento descontrolado desse índice, o Brasil tem alcançado recordes históricos, prejudicando seriamente cidadãos e investidores.
Em março de 2022, o Banco Central admitiu que a inflação deve ficar acima do teto da meta estipulada pelo governo pelo segundo ano consecutivo. A estimativa é encerrar o ano em 7,3%.
A alta no quadro inflacionário neste ano não é uma exclusividade do Brasil. Outros países também têm registrado avanço nos preços, causado pela ruptura das cadeias de produção e suprimentos em razão tanto pela pandemia de Covid-19 quanto pela guerra na Ucrânia.
Por exemplo, os Estados Unidos enfrentam seu pior cenário em 40 anos e a Comissão Europeia acaba de elevar a projeção de taxa anual de inflação.
O que é a inflação?
Inflação é um termo da economia que denomina o aumento generalizado dos preços de produtos e serviços, entre eles os de alimentos e até empréstimo imobiliário. Ela representa o aumento do custo de vida e, consequentemente, a diminuição do poder de compra da moeda.
Existem alguns índices de preços que medem a inflação no Brasil. O IBGE é o responsável pelo mais importante deles: o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial do governo federal que é calculado mensalmente.
Quais são as causas da inflação?
A variação inflacionária é influenciada por diferentes causas que estão atreladas ao cenário econômico, de curto ou longo prazo.
No curto prazo, o aumento na demanda de um determinado item ou crédito gera inflação, bem como um encarecimento ou pressões nos custos de produção. Ou seja, a oferta cai e os preços sobem.
Já no longo prazo, a emissão de papel-moeda por parte do governo torna o volume de dinheiro maior que a oferta de produtos e serviços, o que gera uma escalada nos preços. A diminuição da taxa básica de juros (Selic) determinada pelo Banco Central também acarreta no aumento da inflação.
A inflação é ruim?
O aumento de preços não é de todo prejudicial, desde que seja controlado, progressivo e acompanhado também de um reajuste na renda do cidadão. No entanto, quando esse crescimento ocorre em uma velocidade maior do que a esperada – como no cenário atual – a inflação pode afetar negativamente o país.
A subida persistente dos preços gera uma série de problemas. Ela traz imprevisibilidade no mundo dos negócios e a piora do bem-estar dos cidadãos, em especial daqueles em situação vulnerável. No fim das contas, a economia trava e, como consequência, o país deixa de gerar emprego e renda.
A alta da inflação também prejudica as contas do governo, pois aumenta o custo da dívida pública. Isso acontece porque, além da compensação das taxas de juros, é preciso incluir um prêmio de risco.
Desta forma, a inflação zerada é ruim por significar que, embora os preços não estejam subindo, a renda da população também permanece inalterada. Por isso, ter alguma inflação em nível baixo é um sinal positivo.
Inflação no Brasil em 2022
Em maio, o IPCA foi de 0,59% e acumulou alta de 4,93% desde o início do ano. Em 12 meses, o crescimento foi de 12,20%.
Esta foi a maior variação para um mês de maio desde 2016 (0,86%) e a maior acumulada em 12 meses desde novembro de 2003 (12,69%).
Mês |
Variação (%) |
Acumulado em 12 meses (%) |
Maio/22 |
0,59 |
12,20 |
Abril/22 |
1,06 |
12,13 |
Março/22 |
1,63 |
11,30 |
Fevereiro/2022 |
1,01 |
10,54 |
Janeiro/2022 |
0,54 |
10,38 |
Um relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgado em maio de 2022 posiciona o Brasil como a 4º maior inflação acumulada em 12 meses entre as economias do G-20, atrás apenas de Turquia, Argentina e Rússia, que acaba de tomar o lugar do Brasil no ranking devido às sanções relacionadas à guerra.
Nas Américas, o país está entre as três maiores inflações e fica atrás apenas de Venezuela e Argentina, que já não estavam em uma situação confortável desde antes das pressões geradas pela Covid-19 e pela guerra.
Nos primeiros meses de 2022, a pressão sobre a inflação está sendo percebida sobretudo nos preços internacionais de commodities, como petróleo e grãos.
Para o consumidor, isso quer dizer que o combustível e alimentos básicos estão cada vez mais caros – embora o grupo Alimentação e Bebidas, medido pelo IPCA, tenha desacelerado em maio em relação a abril: 1,52% frente aos 2,25% do mês anterior.