”O susto foi grande. Chorei muito e sai correndo, gritando, até ter a ajuda dos policiais que disseram que eu não poderia mais ficar naquela casa. Agora amanheceu e eu continuo aqui, ainda sem ter um lugar para morar”, disse aos prantos a aposentada Anacleta Arse, 68 anos.
Por volta das 2h da manhã, a chuva que já caia há algum tempo teve reflexos em sua casa, localizada atrás de uma farmácia na rua Marechal Cândido Mariano Rondon, esquina com a Padre João Crippa, em Campo Grande. Primeiro foi um estrondo e, quando ela olhou para a cozinha, o muro caiu e a sua paisagem foi uma geladeira, um fogão e uma pia diante da rua.
”Só quem está lá dentro sabe o susto que é. Ontem mesmo um arquiteto tinha vindo aqui olhar o local e disse que a casa estava ótima e eu podia dormir até na cozinha se quisesse. E foi justamente lá que aconteceu o desabamento”, comentou sobre a triste ironia, D. Ana, como é conhecida pelos vizinhos.
Sem parentes, ela disse que na hora do fato nem se lembrava sobre qual pessoa ligar. “Moro sozinha aqui há oito anos e só depois de um tempo lembrei-me do neto. Mas a ajuda mesmo veio do dono da farmácia, que disse estar providenciando um local para colocar os meus móveis provisoriamente”, explica ao Midiamax a aposentada.
Nesta manhã (29), trabalhadores já retiravam os entulhos e a Defesa Civil analisava o local para emitir um laudo técnico. O dono da casa, que era alugada para D. Ana, também foi ao local. Ele chegou a ser questionado pela nora da idosa, já que disseram que o imóvel estaria condenado há algum tempo, mas negou os fatos.
Há exatamente um mês, a informação é que uma casa ao lado teria sido demolida para a ampliação do estacionamento da farmácia, o que agravou ainda mais a situação. “Foi passado o trator e acho que abalou ainda mais a estrutura. Mas o que interessa é que não aconteceu nada com a D. Ana”, conclui a nora da idosa.
Luiz Alberto
