Após um mês de oficina participantes levarão aprendizado para sala de aula

Público-alvo do curso, professores da rede pública garantem que o jogo Corpomancia será utilizado como didática de ensino

Lucas Arruda

Utilizado como ferramenta de ensino para potencializar o aprendizado em ambiente escolar, o jogo Corpomancia foi a ferramenta estudada durante a oficina O Corpo em Jogo, que aconteceu no mês de março e início de abril, ministrada por artistas da dança que fazem parte do Conectivo Corpomancia. As aulas foram gratuitas e online, mediante inscrição, para educadores da rede municipal de ensino.

Foram disponibilizadas 50 vagas a ser divididas em duas turmas, que tiveram aulas nas quartas e quintas-feiras de março e na primeira semana de abril. O jogo é inspirado nos ensinamentos de Rudolf Laban – um dos grandes pensadores/criadores do século XX na experimentação dos fatores de movimento.

“O curso tem metodologia bem mais prática que teórica, já que toda compreensão da teoria do Laban depende da experimentação, do mover das pessoas para que se consolide o aprendizado. Nas aulas tínhamos um momento de aquecimento, momentos de experimentações, reflexões sobre as atividades e dinâmicas, além da aplicabilidade dessas propostas para crianças e adolescentes, já que a maioria das pessoas que fizeram o curso são professores da rede pública de ensino”, pontua a artista da dança Franciella Cavalheri.

Para Amanda Dim, professora de arte em escola municipal, o curso chegou em um excelente momento, já que por conta das aulas estarem acontecendo remotamente nas escolas, ela utiliza bastante os movimentos corporais no vídeo para conseguir chamar a atenção de seus alunos.

“Os exercícios foram bem diversificados, faziam-nos interagir com os outros participantes online, foi muito interessante. Acredito na interdisciplinaridade das linguagens, por isso quando fiquei sabendo da proposta desse curso de dança quis conhecer o jogo. Agora vejo que as aulas passaram voando, achei que fosse demorar um pouco mais, foi tudo muito bom”, afirma Amanda.

Alguns participantes já conheciam o pesquisador Laban e foram para o curso para experimentar o jogo Corpomancia. “Já conhecia o trabalho dele e por questões relacionadas à pandemia achei interessante essa proposta do curso prático e teórico de um pesquisador que gosto de trabalhar. Foi importante para minha prática docente, acrescentar uma outra visão, como trabalhar esses ensinamentos em sala de aula”, afirma Leonardo Calixto, professor de arte licenciado em arte e dança.

Ele até pensou em outras maneiras de utilizar o jogo, além do tabuleiro. “Posso propor o jogo, brincar com as ferramentas propostas, ao invés de um tabuleiro de mesa fazer como um tapete, quero utilizá-lo posteriormente. Consigo enxergar que após o curso posso trabalhar questões pedagógicas com um outro olhar, um pouco mais despretensioso, carinhoso, embora tenhamos que seguir um conteúdo com pretensão de nota, deixar um objetivo de se descobrir e propor”, reflete.

Momentos especiais marcaram as aulas: os participantes chamavam crianças em casa para o jogo, uma mãe ninou o bebê a partir dos movimentos mostrados, entre outros. “Esses são alguns momentos que foram interessantes durante as aulas. É uma emersão dos sentidos e da própria percepção no sentido de se especializar para conseguir fazer as abordagens mais corporais que essas pessoas pretendem fazer na escola com seus alunos”, conclui Fran.

Ainda ministraram as aulas as artistas da dança do Conectivo Corpomancia Jackeline Mourão e Paula Bueno. Este projeto foi contemplado com recursos da Lei Aldir Blanc, através do edital Morena Cultura e Cidadania, promovido pela Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, por meio da Prefeitura Municipal de Campo Grande.

O jogo

O jogo Corpomancia é um percurso de tabuleiro, onde se participa de duas a quatro pessoas ou times de jogadores, que devem sortear dados para se mover através das casas e realizar os desafios propostos. O número sorteado é o mesmo número de partes do corpo que vão guiar o movimento do jogador durante sua rodada.

Ele foi criado durante a graduação da faculdade de design de Paula Bueno. “Entrei em contato com a pesquisa de Rudolf Laban (um dos grandes pensadores/criadores do século XX na experimentação dos fatores de movimento) e no primeiro momento achei limitante como ele classificou os fatores do movimento – espaço, peso e tempo –, mas depois de me aprofundar vi que trazia luz aos movimentos. Logo após eu começar a estudá-lo um professor passou um trabalho que envolvia cinestesia, então conversei com uma colega sobre a dificuldade que as pessoas têm em se movimentar e aí surgiu a ideia de criar o jogo”, lembra a artista.

E é esse o objetivo do jogo, fazer com que as pessoas experimentem o movimento de outras formas a partir dos estímulos do dia a dia. “A ideia é que o jogo provoque novas possibilidades de movimentos com uma disputa muito saudável, já que não existe certo e errado nas jogadas. O jogo avança por meio da sorte, tem casas especiais para ir pra frente, para voltar, trocar de lugar com outro jogador. A emoção da competição está no tabuleiro, na parte dos desafios de dança não há certo ou errado, a pessoa se expressa como achar melhor no seu minuto de jogada”, explica Paula.

O jogo está sendo vendido na loja de design Polca, localizada na rua Piratininga, 1134, Jardim dos Estados. O espaço funciona de segunda a sexta-feira das 13h30 às 19h, mas, neste momento de pandemia, estão priorizando as entregas. Os pedidos também podem ser feitos pelas redes sociais do Conectivo Corpomancia: Instagram (@corpomancia) e Facebook (@ConectivoCorpomancia), e também pelo telefone 998513777. “Caprichamos no material, foi pintado manualmente, impresso em serigrafia e ainda vem uma mochila para carregar o jogo para onde quiser”, detalha Paula.

Ele ainda está disponível gratuitamente no site www.jogocorpomancia.com.br/.