Aos 77 anos, mãe '100 vezes' repassa a experiência de como educar bem os filhos

Do alto de seus 77 anos, dona Suzana Ferreira acumula experiência de sobra quando o assunto é educar crianças. Mãe de 11 filhos, a “vó Suzana”, como é carinhosamente apelidada, tem 30 netos e nove bisnetos. Além da família biológica, a vó é conhecida na Vila Palmira, na região do bairro Santo Amaro, por ter criado cerca de 100 crianças da vizinhança.

“Quando cheguei aqui, só tinha mato. Eu e meu esposo fizemos nossa casinha, um lugar grande, com muitas árvores e um quintal espaçoso. Conforme outros moradores foram chegando, minha casa se tornou ponto de encontro das crianças, porque os pais saíam para trabalhar e não tinham com quem deixar os filhos”, conta dona Suzana.

O local acolhedor foi um prato cheio para atrair as crianças. O esposo de dona Suzana faleceu quando ela tinha 54 anos e, desde então, a educação dos filhos e das crianças do bairro ficou por conta dela. Dona Suzana tirou de letra a responsabilidade e, além de manter o sustento da família, lavando e passando roupa para fora, ainda sobrava tempo para cuidar dos “agregados”.

A receita? Muito carinho e disciplina. “Criança não precisa de muita coisa para ser feliz. É só dar um pão com leitinho e abraçar bastante. Mas, se for preciso, umas palmadinhas também fazem parte”, acredita.

Dona Suzana é do tempo em que as palmadas educativas ainda não eram motivo de alarde ou culpa por parte dos pais. O “chinelo voador” e o “cinto valente” eram famosos entre as crianças. “Um dia, dois meninos estavam brigando e rolando no chão. O chinelo cantou, mas coloquei os dois abraçados e mandei que eles trocassem beijos no rosto. Os dois sorriram para mim, e saíram brincando de novo”, conta.

Para a vó, as crianças de hoje perderam o respeito pelos mais velhos. “Se uma mãe ameaça dar uma palmada, os filhos já respondem com má criação, falam que vão denunciar. Os pais, com medo de serem julgados, perderam o controle da disciplina”, acredita. Para ela, qualquer palmada é apagada com bastante atenção. “Não é preciso estar sempre por perto, mas é preciso estar sempre disponível. Criança não fica ressentida com punição, mas com a falta dela”, resume.

 

Luiz Alberto
 

 

Com a idade, a casa já não é mais frequentada por crianças. Hoje, dona Suzana se dedica a cuidar dos novos filhos: quatro cachorros e um gato. Homens feitos (o filho mais velho tem 63 anos), os filhos, tanto os de criação como os biológicos, tomaram rumo, mas voltam, sempre que podem, para dar um abraço na mãe. “A vida é assim: a gente cria as crianças para o mundo. Cada filho meu tem sua família, uns moram fora, outros moram em bairros diferentes de Campo Grande. Mas, no Dia das Mães, todos nos reunimos aqui, faço uma comidinha gostosa e mato a saudade”, conta, feliz 

 

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