Diante de crise, lojas de veículos usados e seminovos reduzem margem de lucro

Depois das contas e valor da parcela, muitos clientes têm desistido da compra (Foto: Victor Chileno)

Economista afirma que ‘esperar’ é a palavra do momento e que juros altos é reflexo da baixa confiança dos bancos

As novas condições de financiamento para veículos parecem começar a afetar o setor de usados e seminovos. Com a taxa de juros nas alturas, algumas lojas já registraram mais de 50% de baixa nas vendas. Para driblar a crise, o setor resolveu baixar o preço e trabalhar com margens de lucros cada vez menores.

Além de ofertar condições mais vantajosas, as concessionárias de usados e seminovos têm apostado na remarcação de preços. O problema é que nem assim, o setor está atraindo compradores. Segundo Walfrido Penze, gerente da loja Nova Esperança, na avenida Bandeirantes, até final do ano passado, as vendas batiam a marca de 40 carros por mês, porém hoje o limite é de 15 unidades vendidas. “Muitos estão fechando as lojas porque neste momento o ramo está muito complicado”, afirmou.

De acordo com Walfrido, dos possíveis clientes que entram na loja, de 60% a 70% desistem da compra após ver o valor da parcela. “Quando você financia um carro mais velho, com a taxa atual de juros, você chega a pagar até dois carros e meio a mais“, ressalta o gerente que faz um comparativo do antes e depois do aumento dos juros. Conforme ele, um carro no valor de R$ 18 mil até o ano passado sairia por, no máximo, 48 parcelas de R$ 580, um montante final de mais de R$ 27 mil. Atualmente, esta parcela não ficaria por menos de R$ 720.

Para não deixar o cliente ir embora sem fechar negócio, o gerente conta que a saída está sendo baixar cada vez mais o valor do veículo. “Estamos trabalhando com uma margem de lucro muito menor de até R$ 1 mil”, afirma.

Mas se a intenção é realmente comprar, o melhor é partir para um modelo até 6 anos mais novo. Carros do ano 2009 em diante estão com condições mais favoráveis, segundo Walfrido. Um automóvel Fox 2005 no valor de R$ 15 mil é vendido por 48 vezes de R$ 620 enquanto que a parcela de um Fiesta 2013 sai até R$ 150 reais a menos.

A alta dos juros também tem afetado e muito a venda de motos. Há 17 anos no ramo, o empresário Éliton Nogueira só não está mais preocupado porque seguiu à risca o conselho do pai. “Ele sempre me dizia que o segredo era aproveitar muito o momento bom”, lembra. Com a crise de 2006, quando o setor apresentou uma das piores baixas, Éliton conta que ficou alguns aprendizados, um deles foi apostar em bons negócios com pagamentos à vista. “Ninguém está interessado em financiar agora, então quem tem dinheiro encontra ótimas oportunidades”, avalia.

Cautela

O economista Lucas Rasi explica que os juros altos para financiamento ocorrem devido à baixa confiança dos bancos. “As instituições bancárias não querem assumir o risco de levar calote, então limitam o crédito, mas quando esse momento passar, tudo volta ao normal”, afirma o economista que define ‘esperar’ como a palavra do momento. “Em uma crise, nunca é bom descapitalizar, então o correto é aguardar um pouco porque esse período exige muita cautela”, ressalta. Segundo ele, se alguém pretende vender ou comprar um carro usado, o ideal é analisar a real necessidade. “Se precisa de dinheiro rápido, então vai vender mais barato, mas se é possível esperar, então o faça para não perder muito”, diz.

Com a taxa de juros nas alturas, algumas lojas já registraram mais de 50% de baixa nas vendas
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Segundo Walfrido, vendas caíram de 40 para até 15 unidades por mês no decorrer dos últimos dois meses
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Crise também começa a atingir mercado de motos usadas e seminovas
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