Projeto em escola da Zona Leste de São Paulo cria influenciadores digitais literários

Natalhie

Adquirir o gosto pela leitura é um dos aprendizados mais significativos durante o período escolar. Embora as horas em frente às telas tenham aumentado consideravelmente, pesquisas apontam que o número de adolescentes e jovens leitores cresceu nos últimos anos. Um projeto desenvolvido no Marista Escola Social Ir. Lourenço, incentiva os alunos a utilizarem a biblioteca como espaço de criação de conteúdo para as redes sociais. Após lerem cada livro, eles criam resenhas, vídeos e conteúdo para influenciar outros alunos a buscarem a leitura.

O projeto criado pelas bibliotecárias Camila Araújo Sá e Amanda Aparecida Silva da Costa começou no ano passado e a atividade é executada pelos estudantes de Ensino Fundamental e Médio. A escola, localizada na Zona Leste de SP, atende gratuitamente crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. “Nossa biblioteca é um espaço aberto para toda comunidade, entendemos que nada melhor do que um adolescente falando para outro adolescente, com sua linguagem própria e sua maneira. Ao terminar o livro, ele se sente empolgado em passar a ideia adiante”, revela Camila.

Para a atividade, os alunos passaram por um período de formação, entendendo os conceitos de resenha, resumo, e até importância e cuidados nas redes sociais. “Os alunos tiveram aula de fotografia, e entenderam quais atividades gostavam de realizar, assim eles vão descobrindo novos autores, levam para a casa, conseguem influenciar a própria família, que lê junto com eles, curte, comenta e incentiva”, avalia.

As redes sociais e a leitura 

Um estudo realizado pela Nielsen BookScan e divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), mostra que as vendas do setor cresceram 33,03% em volume e 31,14% em valor no acumulado de janeiro a novembro de 2021, em comparação ao ano anterior. A Bienal do Livro do Rio, que aconteceu no mês de setembro na capital do estado, registrou a presença de 600 mil pessoas nos 10 dias de evento. Segundo balanço, 50,8% eram jovens de 18 a 24 anos. Foram vendidos 5,5 milhões de livros nesta edição.

Para a bibliotecária estes números apontam que, ao contrário do que muitos pensam, os jovens podem se interessar pela literatura. “Os professores, a escola e até o espaço da biblioteca são verdadeiros influenciadores para esses estudantes, que se incentivados conseguem influenciar outros alunos, a biblioteca tem que ser espaço democrático, onde eles possam demandar ações e projetos e se sentir parte deste ambiente”