Moradores do distrito de Anhanduí, distante 51 quilômetros de Campo Grande, vivem uma situação intrigante há 17 anos. Segundo eles, o ex-presidente da Associação de Moradores retém a chave do galpão, que é o centro comunitário da cidade, há quase duas décadas.
Sem espaço, eles não têm onde receber cursos oferecidos pela administração municipal e as crianças e adolescentes ficam sem ter uma ocupação que o espaço público poderia oferecer. Com votação feita em julho do ano passado, a presidente eleita Elizabeth Pannebecker revela que procurou todos os recursos para resolver a questão com o ex-presidente, Nailo Rezende Barbosa.
“Há anos vivemos esta situação que está aí. O galpão fica fechado para a comunidade, mas aberto para ele, que aluga o espaço para festas e atualmente serve como depósito particular de móveis. Ninguém pode falar nada. Vamos a casa dele e ele diz que não tem conversa”, explica.
Várias reuniões foram marcadas com Nailo a fim de resolver a questão, mas segundo moradores, ele bate o pé e diz que não vai deixar o cargo. “Nós fizemos apelo pela rádio do distrito, registramos boletim de ocorrência, fomos conversar, procuramos a prefeitura em Campo Grande, mas nada disso resolveu”, desabafa Charles da Silva de Oliveira, do Conselho da associação.
De acordo com ele, Nailo chegou a dividir o espaço e loteá-lo para vender. “Ficamos sabendo que ele decidiu vender o terreno e saiu anunciando por aí. É um abuso que não tem fim, a gente parece que vive em uma terra sem lei, pois já tentamos de tudo para resolver a questão e ele fica nos ameaçando”, desabafou.
O galpão da comunidade fica em frente à casa do ex-presidente da associação e ocupa uma quadra inteira, com terrenos no entorno. Ditante de Campo Grande, os moradores sente que a questão foi abandonada pelo poder público, já que eles não conseguem vir com frequência para a capital para pedir ajuda.
A presidente relata que pensou em resolver o problema de maneira mais simples e propôs dividir o espaço com Nailo, deixando metade para ele e pedindo para que ele cedesse a outra parte à comunidade.
“Mas ele nem quer saber. Falou que é tudo dele. Fui procurar uma advogada e ela me disse que não poderíamos dividir porque é um bem público, mas ele acredita que a área é toda dele. Agora vamos entrar com uma ação judicial para resolver o problema”.
A equipe de reportagem foi até Anhanduí tentar falar com Nailo, mas ele não estava em casa. Por telefone, ele relatou que não poderia comentar sobre o assunto, que só poderia ser tratado com seu advogado.
Atualmente, os membros da associação se reúnem na Capela Funerária Comunitária e um curso de maquiagem, oferecido pela SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) será ministrado no pátio da paróquia do distrito.
Luiz Alberto |
Moradores e representantes da nova diretoria da Associação tentam retomar prédio |